
20 mar Importação de vinho espanhol: um nicho em crescimento
O brasileiro bebe 60 litros de cerveja por ano. De vinho, somente dois. No entanto, apesar da força da cultura da cerveja no Brasil, há mercado para as mais de 4.000 adegas espanholas, a maioria das quais com registro de exportadora.
OS NEGÓCIOS DE VINHO ENTRE A ESPANHA E O BRASIL
A prova é que, nos últimos dez anos, o crescimento das importações de vinho espanhol, pelo Brasil, foi de 231%. Só no ano passado, 2018, 6,6 milhões de litros entraram no Brasil.
Mais de 6 milhões de litros de vinho é uma boa cifra, que posiciona a Espanha como o 5º país fornecedor do Brasil. Mas há espaço para crescer mais. A importação de vinho espanhol pelo Brasil pode seguir a tendência ascendente dos últimos dez anos.
Um sinal disso é que o Brasil importa mais de 320 milhões de euros em vinho de diferentes países do mundo. Ou seja, há mercado. E está em crescimento. Atualmente, cerca de 30 milhões de pessoas consomem vinho no Brasil. Em 2010, no entanto, não passavam de 22 milhões, segundo um estudo da Wine Intelligence.
BRASIL, ABERTO AO MERCADO INTERNACIONAL DO VINHO
Não podemos esquecer que o Brasil concentra 33% da população de toda a América Latina. Parte dela, mesmo que beba muito mais cerveja do que vinho, é um público potencial para o setor vinícola espanhol, caracterizado por sua alta qualidade e seus bons preços.
Uma informação fundamental para um país no qual a classe média, mais da metade da população economicamente ativa, tem uma renda familiar mensal que oscila entre R$ 1.064 e R$ 4.591 (entre 250 e 1.050 euros), e no qual apenas 15% ganham acima desse valor, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas.
De fato, a crise econômica e a insegurança política em 2018, um ano intenso no Brasil, refletiram nas importações brasileiras de vinho espanhol. Se bem que as vinícolas espanholas não foram as únicas afetadas.
As adegas chilenas, francesas, italianas, uruguaias, americanas, australianas e sul-africanas sofreram uma queda, em valor, de suas exportações de vinho para o Brasil.
Os argentinos, no entanto, saíram ilesos, mantendo as cifras de 2017. Já os portugueses, na direção contrária de todos os outros, faturaram 18% mais, ocupando agora o segundo lugar no ranking brasileiro de exportadores estrangeiros de vinho, rebaixando a Argentina ao terceiro posto.
UM SALTO NAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE VINHO ESPANHOL
Sem dúvida, o mercado brasileiro é competitivo e complexo (complexidade que tratarei em outro post), por suas regras e impostos, mas demanda bons e novos produtos. Afinal de contas, a presença de vinhos espanhóis no Brasil vem seguindo uma curva ascendente na última década porque há interesse. Houve, é verdade, descensos, mas poucos. Principalmente, se comparamos com o salto de 57% que as importações brasileiras de vinho espanhol viveram em 2017.
É um interesse crescente que impulsa mudanças e a expansão do mercado. Percebe-se, claramente, que agora, o Brasil, já não é como há alguns anos (não muitos), quando só se encontrava vinho chileno, argentino, português, francês ou italiano.
Foram anos nos quais, quando se falava da qualidade do vinho espanhol, algumas pessoas perguntavam, duvidando, se a Espanha, realmente, era produtora de vinhos.
A Espanha é, de fato, a maior área plantada de vinhedos do mundo e produz, junto com a Itália, a França e os Estados Unidos, a metade do vinho que a população global bebe. No Brasil, no entanto, ainda demoraremos para ver as pessoas referindo-se às denominações de origem espanholas com intimidade, e pedindo ao garçom, por exemplo, um Rioja ou um Rueda.
ESTRATÉGIA DE MARKETING PARA O VINHO ESPANHOL NO BRASIL?
O brasileiro vai percebendo a boa relação qualidade-preço do vinho espanhol, mas algo falha na comunicação, no marketing, que o setor do vinho espanhol no Brasil vem (ou não vem) trabalhando. O brasileiro custa, por exemplo, a identificar a origem do Cava, a denominação de origem espanhola mais consumida no país, segundo um estudo de mercado feito pelo ICEX.
Mas o Cava não é a única denominação de origem. Os brasileiros também compram Utiel-Requena, Rioja, Valdepeñas, Penedés, Priorat, Rueda, Ribera del Duero, Rías Baixas, Cataluña, Valencia, Navarra, Cariñena… De fato, a maior parte do vinho que a Espanha vende para o Brasil é vinho com denominação de origem, segundo o Observatório Espanhol do Mercado de Vinho, além de quantidades pouco significativas de bag-in-box, vinhos a granel ou mostos.
5 FATORES DE MUDANÇA DO MERCADO DE VINHO
No crescimento do vinho espanhol no mercado brasileiro, as importadoras têm um papel importante. Cada uma com seu estilo, dentro do seu segmento, rastreiam os vinhos que podem encaixar melhor no paladar do seu público. De fato, nos últimos anos, foram surgindo novas importadoras brasileiras relacionadas com o negócio do vinho.
É uma das 5 principais mudanças que o setor vem experimentando e que enfatiza a tendência de que as importações de vinho estrangeiro pelo Brasil continuem ampliando-se, tanto no valor quanto no volume.
1)🍾O surgimento de novas empresas importadoras, cada vez mais segmentadas, concentradas em determinados nichos de mercado ou regiões.
2)🍾Empresários alheios ao vinho, que passam a investir no setor ou a se interessarem muito pelo assunto.
3)🍾Crescimento dos clubes de vinho.
4)🍾Importação direta pelos supermercados, com grande capacidade de distribuição.
5)🍾Aumento dos eCommerce: diversificação e preços competitivos.
Enfim, são grandes mudanças no setor vinícola que, acompanhadas de um bom plano de marketing para divulgar o vinho espanhol no Brasil, pode manter o crescimento das importações.
Como você vê a divulgação do vinho espanhol no Brasil? Quais ações de marketing têm sido mais eficazes?
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